sexta-feira, 27 de maio de 2011

Lembrando Narciso

Um dia eu me vi a mim. Mas não era eu.

Defronte ao espelho, eu o vi.
Nu, com todas as roupas sobre meu corpo, que o tempo passou e cuidou de cansar.
Suado, mas sem que eu visse a linha do horizonte, tão forte a chuva lá fora.
Movimentando-se, jazendo eu em pé.

O leve toque no espelho não foi preciso.
Corpo tocado por si, olhos de prazer. Eu vi, mas não era eu.

Cá do meu lado, pensei, era eu real ou era ele. Era eu que me era, ou ele que se via? E quem ele via? Eu ou ele? Era eu que pensanva, indagava... Ou ele que me lembrava?
Sim, era ele. Eu indagando, ele se adorando.
Lembramos, os dois, de Narciso.

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