Nem fome ou luxo meu olhos viveram.
Viveram conselhos.
"Cinquenta centavos, que seja, leve consigo". São quase as palavras simples de minha vó Nanã.
Desde aquele dia, não lembro bem qual - quanto anos eu tinha não sei -, que tento seguir à risca o conselho. Mas os detalhes marcantes não são esses, que se foram.
"Rua do fundo, vassoura na mão, lenço branco cobrindo brancos cabelos. 50 centavos que fosse".
Estes destalhes, sim, ficaram guardados.
Guardanapo do tempo.
Sempre. Para aonde eu fosse. Pruma água, refresco, salgado, ou doce queimado.
Naquele tempo isso era dinheiro. Picolé, comprava aos montes. Geladinho, as montarias.
Às compras, então, eu parti.
Tarde na praça; na praça, crianças; crianças correndo por todo lugar. Lugar em que a criança era eu.
Me senti quase rico, por tão bom conselho barato.
Mas bobo, eu, e furado o bolso, tostão caiu.
Nunca mais o vi. No bolso de alguém, deve andar. Ou está guardado num cofre, parado no tempo, furado tostão!
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