Não há nada de novo em minhas palavras. Sinto um chão enorme em baixo dos meu pés. Vejo uma estrada longa, sem divisões óbvias, sem começos, sem caminhos sinuosos.
Não há nada de novo no vento. Não há carta solta que chegue a mim. As vozes estão mudas e estações são as mesmas.
Não há nada de novo nos minutos a sós. Na eterna primavera, as lágrimas só caem do meu olho direito, lado oposto ao coração. Sob pequena e doce gota d'água da chuva, me molho em águas que já caíram.
Não há nada de novo no tempo, as folhas são as mesmas, as rosas que brotaram em preces ao sol são as únicas.
Há tudo de novo em mim. Há o que reconstrói a estrada, que dá cor às placas apagadas, que dão direção ao movimento. Há em mim o que não há no vento. Há uma brisa morna de verão, que vem do mar e molha a terra seca. Há em mim um imenso lenço, apara a chuva que do meu olho escapa. Há em mim o que é novo. E há também o que é mais.
Mais que a distância da estrada: o tempo. Mais que o vento e a brisa: o mar inteiro. Mais que as lágrimas partidas: um completo coração.
O tempo mudou o inverno. O vento parou na primavera. As lágrimas secarão quando chegar o verão. Só as folhas de outono não caem em dezembro. O que é novo em mim, veio, ficou, inovará!
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